DESAFIO SEBRAE: Jogos digitais para exercitar a prática do empreendedorismo na universidade.
Por meio de jogos digitais, acadêmicos
podem exercitar aprendizado, ampliar conhecimentos e
qualificar-se para competição nacional.
"Escolha um trabalho que ama e não terás que trabalhar
um dia sequer na vida". Aplicada na formação profissional,
a estratégia do
Desafio Universitário Sebrae remete ao consagrado aforisma
do filósofo chinês Confúcio
(551-479 a.C.). Em vez de uma abordagem prioritariamente
teórica, o projeto de incentivo ao empreendedorismo por
estudantes do ensino superior faz uso da motivação
fundamentada no fazer por prazer. O objeto de exercício
são games digitais que simulam o ambiente empresarial,
combinando estudo e entretenimento.
O desafio é uma das iniciativas do Projeto Educação
Empreendedora do Sebrae em parceria com a Endeavor,
organização internacional líder em metodologias de
apoio a empreendedores, há dois anos implantado na
Universidade de Caxias do Sul. É voltado (embora não restrito)
para os estudantes do Programa de Empreendedorismo, que
reúne atualmente em torno de 900 alunos de 24 turmas dos
cursos de Administração, Engenharias, Comércio Exterior,
Comunicação, Design, Arquitetura e de Tecnologias,
nos oito campi da UCS. A meta da universidade é que
200 acadêmicos participem do desafio.
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Os professores Mateus Panizzon e Elóide Pavoni, que atuam no Programa de Empreendedorismo. |
Negócio virtual
A atividade consiste na prática administrativa por meio de
20 opções de games disponibilizados pelo Sebrae,
acessíveis online, em linguagem de aplicativo para celular.
"O objetivo é aproximar o aluno do universo empreendedor,
exercitando conhecimentos como identificação de
oportunidade de negócio, definição de estratégias de
mercado, operações, planejamento de vendas, gestão de pessoas e
financeira, entre outros", explica o professor do Programa de
Empreendedorismo da UCS, Mateus Panizzon.
Os jogos são divididos em duas categorias. A primeira é
dirigida à gestão do dia a dia de uma empresa, abordando
atividades de prospecção como gerenciamento de preços,
compras, atendimento e contratações. "Ou seja, são games que
tratam do momento de administrar, após o negócio estar
implantado", esclarece Panizzon. A outra diz respeito à fase
empreendedora, onde ocorre a identificação de oportunidade e
implementação do negócio, enfocando aspectos de criação de
networking, ideação e busca de investimento.
"A principal reclamação do aluno, no ensino convencional, é o excesso de
teoria e a falta de prática. Os games de negócio são
uma forma de praticar decisões em gestão em um ambiente
simulado e controlado, trabalhando conceitos de
forma ampliada, assim constituindo-se em objetos de
aprendizagem", define o professor.
COMO PARTICIPAR
Para ingressar na disputa, o interessado deve
inscrever-se pelo
site do evento. A participação é individual e pode ocorrer
a qualquer
tempo até outubro deste ano. "Quanto antes o candidato entrar e
quanto mais ele jogar, mais somará pontos", orienta Panizzon.
Cada game pode ser jogado de 20 a 60 minutos, por
rodada. O usuário vai ganhando pontos conforme avança nas
missões propostas em cada simulação, enquanto desenvolve
atributos específicos sobre rede de
contatos, gestão de pessoas, visão de marketing e mercado,
gestão administrativa e financeira, operações, planejamento e
inovação.
Estar cursando as disciplinas do Programa de Empreendedorismo
também soma pontos para o desafio universitário.
Os estudantes
que concluíram a disciplina no
semestre passado já podem solicitar a incorporação de
bônus na sua pontuação total. Os quatro primeiros
colocados no Estado classificam-se para a etapa nacional e disputam os prêmios oferecidos
pelo Sebrae.
Aumento de motivação e transformação de erros em acertos
Maior motivação – e, portanto, mais efetividade –
para o aprendizado, e a possibilidade de fazer do erro
oportunidade de acerto, são os principais acréscimos que o
ensino por meio de jogos virtuais trazem para a formação para
o empreendedorismo. "O game permite discutir sobre as decisões
tomadas, reiniciar o jogo, mudar estratégias e analisar os
novos resultados, sendo uma metodologia ativa de
experimentação com reflexão", frisa o professor Mateus Panizzon.
Para a coordenadora do Programa de Empreendedorismo da UCS,
Elóide Pavoni, o uso dos games conduz o aluno ao entendimento
das teorias administrativas em função da prática,
promovendo percepções que apenas a aplicação do
conhecimento pode revelar. "A ideia que permeia a iniciativa
é a
incorporação da cultura empreendedora, capaz de gerar
inovação", ressalta.
Aula prática contínua
Como a metodologia de Educação Empreendedora do Sebrae e
a plataforma da Endeavor foram implementadas pelo Programa de
Empreendedorismo da UCS, os games do desafio universitário
acabam por se constituir em uma extensão do ensino superior.
"Na sala de aula, a exposição de conteúdo foi substituída
pela exploração da teoria pelos alunos, incentivando-se a
construção do conhecimento pela prática. O professor
atua mais como um coach, orientador e consultor", define
Panizzon.
A gamificação surgiu como
recurso de ensino na década de 1990 – a UCS,
inclusive, foi pioneira em introduzir a disciplina Jogos de
Estratégia Empresarial. "Mas os chamados jogos de empresa
eram mais complexos, exigindo mais tempo para compreensão
da mecânica do jogo. Os games do Desafio Sebrae foram modelados
com nível menor de
complexidade e com interface e linguagem simplificadas, permitindo
ao aluno administrar um menor número de variáveis", explica o
professor. "Contudo, mesmo os alunos que buscam maiores
desafios podem se diferenciar nestes games em
função das estratégias e decisões tomadas,
engajando-se em caráter de competição", ressalva.
Um dos games, por exemplo, destina-se ao ensino de
quais caminhos devem ser tomados e como as decisões de
curso influenciam na criação de uma startup. "Neste modelo de
negócio, aspectos como a formação de rede de contatos,
ideação e validação de mercado vêm antes de focar
recursos no desenvolvimento tecnológico do produto.
Então, o aluno tem que saber discernir sobre no
que investir primeiro, aplicando o que está aprendendo em
seu curso e no Programa de Empreendedorismo", descreve Panizzon,
ao justificar de que modo os games de negócio "acabam se
tornando uma aula prática contínua, de feedback rápido e
de troca de experiências através das redes sociais,
expandindo a aprendizagem para além da sala de aula".
Foto: Claudia Velho
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