Última alteração: 2024-09-11
Resumo
Introdução: Este trabalho aborda a objetivação do corpo idoso na ciência médica a partir da matriz filosófica de Hans-Georg Gadamer. Justificativa: Justifica-se este estudo devido à imprescindibilidade de problematizar a visão geneticista que permeia o corpo idoso e que favorece a patologização da velhice. Objetivo: Investigar em que aspectos a perspectiva da hermenêutica gadameriana acerca da objetivabilidade e da experiência corporal possibilita oferecer uma compreensão crítica da objetivação do corpo idoso na relação médico-paciente. Metodologia: Realizou-se um estudo de cunho teórico-bibliográfico focado na obra “O caráter oculto da saúde” de Gadamer. Resultados: Gadamer explicita que a ciência moderna e o seu ideal de objetivabilidade exigem do ser humano um poderoso distanciamento. Segundo Fedro de Platão, o autor argumenta que o tratamento do corpo requer também o cuidado da alma, o que só é possível se o médico tiver conhecimento sobre o ser humano em sua totalidade. Ou seja, na relação médico-paciente é insuficiente considerar unicamente os aspectos biológicos que tornam a corporeidade instrumental e anulam a experiência corporal do sujeito idoso. Nesse sentido, o autor defende que “se deve estender a relação entre médico e paciente, que se encontra sob o paradoxo da impossibilidade de objetivabilidade da corporeidade, a toda a experiência de nossa própria limitação” (2006, p.90). Conclusões: A corporeidade é em si um enigma e não pode ser apreendida por processos de objetivação. Há, portanto, limitações que a ciência médica não poderá vencer, assim como há limites com os quais o ser humano precisará aprender a conviver.