Conferências UCS - Universidade de Caxias do Sul, III Mostra de Trabalhos Acadêmicos sobre Envelhecimento Humano da Universidade de Caxias do Sul

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Psicologia e a Velhice Kanhgág: Conjunturas Decoloniais
Pablo Corso

Última alteração: 2024-09-11

Resumo


Kanhgág Êg My Há é sinônimo de sentir-se vivo, é a relação com o mundo espiritual que dá face ao modo de vida Kanhgág. Para não-indígenas, Kanhgág Êg My Há é um estilo de vida conhecido como Bem-Viver. O povo indígena Kanhgág experiencia vidas que atravessam uma lógica harmoniosa com a natureza, seus saberes, portanto, ecoam através das vinhas e galhos do meio-ambiente, promovendo a saúde e bem-estar de sua população. Os kófas, os mais velhos, têm um papel chave para o manter da cultura, dos saberes tradicionais e da própria vida da comunidade Kanhgág. As pessoas Kanhgág priorizam os conhecimentos dos kófas, reconhecendo-os como os que acumularam grandes conhecimentos e conquistas ao longo da vida. Diante da histórica colonização, a sociedade deu destaque a formas de vida e conhecimentos específicos que, a partir de hierarquias raciais, de gênero, idade e classe, são invisibilizados e violentados. A decolonialidade é fundamental para desestabilizarmos o que a sociedade entende como “humano” e para resgatarmos os saberes tradicionais ao cerne da sociedade civil, admitindo que as ciências eurocêntricas promovem mais desigualdades e violências diante dos aparelhos colonizadores. Essa pesquisa bibliográfica tem o objetivo de lançar uma perspectiva decolonial sobre a psicologia na velhice Kanhgág, destacando as especificidades de ser um kófa e as implicações da colonialidade na produção de doenças espirituais, que são adoecimentos decorrentes do avanço da colonialidade. Sua metodologia trata-se de um levantamento bibliográfico e posterior análise de conteúdo. Os resultados expressam a valorização dos mais velhos no povo Kanhgág, que, por conta de seus saberes, são os principais expoentes contra as doenças espirituais. É notável a possibilidade da psicologia em somar-se aos saberes tradicionais ao mesmo tempo, no entanto, que deve combater sua própria prática colonizadora.